25.9.04

A angústia

Quando as primeiras reuniões aconteceram, os prazos dados eram apertados. Afinal, se o que temos para dizer é urgente, por definição, temos de encontrar tempo para escrevê-lo. Pois bem. Nunca na vida falhei deadlines de forma tão aviltante. Cheguei a mentir aos meus actores, inventando prazos de entrega que não cumpria (uma forma bizarra de me obrigar a escrever).
O problema? À segunda, terceira deixa, uma das personagens dizia uma piada. Parece estúpido? É capaz de ser. Mas talvez ainda não vos tenhamos dito que esta é a primeira produção teatral das Produções Fictícias fora do campo do humor. Talvez seja necessário explicar que a escrita industrial de comédia tem destas coisas, pode ter efeitos perniciosos sobre a nossa mente. Depois, súbito, uma noite - como seria de esperar num bom e velho lugar-comum - a minha urgência escreveu-se por si.
Ontem, às voltas com as 16 páginas que decorava, o Luís Mestre ligou-me noite dentro para dar conta de algumas angústias. De frases que lhe magoavam. Fiquei contente. As frases magoam porque ele, tal como eu, já as ouviu e já as disse. Talvez, queiram os deuses, haja um carácter universal nesta urgência. Talvez não. LFB