Antes da urgência
Hoje vamos ver no palco o que durante meses esteve na nossa cabeça. Primeiro só o conceito, depois o que do conceito evoluiu para situações e para os fantasmas das personagens, por fim o que de imaterial se corporizou no corpo instável dos actores, na sua cena e contracena.
É sempre emocionante essa mistura impura do actor real com a sua personagem, a incerta geografia da linha de fronteira entre a vida real de um e a vida fingida do outro no seu vice-versa.
O conceito geral é o de uma escrita e uma representação sobre o presente, com um sentido de urgencia no mote e no método. Ocorre-me a comparação: este trabalho está para o teatro como o jornalismo está para a História, é feito imperfeito, em cima do presente, na espuma dos dias, inacabado e aberto, sem distância, sem recuo.
Post it. Começou por ser uma ideia do Paulo Martins para o cartaz, depois do Tiago Rodrigues para o cenário. É a imagem de marca do conceito: escrever ou fazer teatro é poder deixar um post it num coração.
Gostávamos de fazer das “Urgências” um evento anual. Todos os anos com novos escritores e novos actores, com as suas urgencias. Que todos os anos se abra um teatro novo. Que se possa acorrer ao teatro como quem recorre às urgencias.
A minha urgencia. A peça que escrevi chama-se “Sexo e nada de sexo”. No início da cena, ela hesita e dá-lhe a mão. Ele deixa-a pegar a mão por um instante, mas logo pega no bilhete de avião e diz: Está na hora… É melhor eu ir….
Nestes primeiros dez segundos está sinalizada toda a cena. É uma tragédia contemporânea, ou seja, é uma comédia. A tragédia contemporânea é não haver tragédia, não haver lugar, tempo para a tragédia. Tudo é espectáculo. Tudo é mediado pela lucidez e desencanto da ironia.
O que se passa com as nossas relações íntimas, sentimentais, amorosas? “ O que fica depois do sexo. O que resta. E o que se faz a partir daí. O que se faz a partir daí com o depois do sexo.” Foi este o meu ponto de partida.
“Escrever sobre música é como dançar sobre arquitectura”, é uma frase do Steve Martin, ou do Elvis Costello, não há certeza.
Escrever sobre o amor, as relações, é como escrever sobre música.
Não há nada melhor do que dançar sobre arquitectura.
Nuno Artur Silva
É sempre emocionante essa mistura impura do actor real com a sua personagem, a incerta geografia da linha de fronteira entre a vida real de um e a vida fingida do outro no seu vice-versa.
O conceito geral é o de uma escrita e uma representação sobre o presente, com um sentido de urgencia no mote e no método. Ocorre-me a comparação: este trabalho está para o teatro como o jornalismo está para a História, é feito imperfeito, em cima do presente, na espuma dos dias, inacabado e aberto, sem distância, sem recuo.
Post it. Começou por ser uma ideia do Paulo Martins para o cartaz, depois do Tiago Rodrigues para o cenário. É a imagem de marca do conceito: escrever ou fazer teatro é poder deixar um post it num coração.
Gostávamos de fazer das “Urgências” um evento anual. Todos os anos com novos escritores e novos actores, com as suas urgencias. Que todos os anos se abra um teatro novo. Que se possa acorrer ao teatro como quem recorre às urgencias.
A minha urgencia. A peça que escrevi chama-se “Sexo e nada de sexo”. No início da cena, ela hesita e dá-lhe a mão. Ele deixa-a pegar a mão por um instante, mas logo pega no bilhete de avião e diz: Está na hora… É melhor eu ir….
Nestes primeiros dez segundos está sinalizada toda a cena. É uma tragédia contemporânea, ou seja, é uma comédia. A tragédia contemporânea é não haver tragédia, não haver lugar, tempo para a tragédia. Tudo é espectáculo. Tudo é mediado pela lucidez e desencanto da ironia.
O que se passa com as nossas relações íntimas, sentimentais, amorosas? “ O que fica depois do sexo. O que resta. E o que se faz a partir daí. O que se faz a partir daí com o depois do sexo.” Foi este o meu ponto de partida.
“Escrever sobre música é como dançar sobre arquitectura”, é uma frase do Steve Martin, ou do Elvis Costello, não há certeza.
Escrever sobre o amor, as relações, é como escrever sobre música.
Não há nada melhor do que dançar sobre arquitectura.
Nuno Artur Silva
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