15.10.04

Cheguei agora ao teatro

Cheguei agora ao teatro. Passa pouco das quatro da tarde. Passo pela entrada e há várias pessoas a levantar bilhetes. O telefone toca com insistência. No monitor do computador do senhor da bilheteira está escrito ESGOTADO. A letras garrafais e absolutas.
Transponho a fronteira que separa o burburinho real do lugar onde vamos fazer teatro esta noite. Está tudo calmo. A plateia na penumbra antecipa as perto de 600 pessoas que nos vão visitar na estreia desta noite.
Vou depositar os jornais do dia no meu camarim. Todos os outros camarins têm as portas abertas e estão ainda vazios. Os espelhos esperam os actores desta noite para começar a reflectir a vontade de subir ao palco.
No corredor dos camarins o chão está húmido. Vejo a Claudete que esfrega o chão. Tem vestido o seu uniforme verde de funcionária da limpeza. Cumprimenta-me com um sorriso. Um sorriso largo e quente. Um sorriso de estreia. Eu entro no meu camarim e ouço o som da esfregona a mergulhar na água do balde.

Hoje estreamos e o chão estará limpo. TR